Psicóloga Mônica Zatta Tonial - Pato Branco/PR
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Os efeitos psicológicos da pandemia em nós

Autor: Monica Z. Tonial ,  Postado em:  quarta, 02 de junho de 2021  
 

     Toques de recolher, lockdown, mudanças de rotina, trabalho remoto, aulas suspensas, máscaras, distanciamento social… A pandemia de COVID19 mudou nossas vidas, todos fomos afetados de alguma forma, direta ou indiretamente. O crescimento constante de casos e de óbitos, por vezes a falta de leitos para internação, falta de remédios, até falta de oxigênio em alguns lugares… Medo e incerteza.


     Toda semana é uma nova notícia, um novo pico, uma nova situação de alarme. Mal conseguimos descansar. Em meio a toda essa situação caótica, nossa população atravessa uma crise na saúde mental como nunca antes vista. O vírus não atinge apenas o infectado, ele afeta toda a sociedade, deixa sequelas não apenas físicas.


     O adoecimento psíquico é uma realidade, mas frente a tudo isso, não seria normal ficar ansioso, assustado ou entristecido? 


     Sim, é normal e esperado. Mas não é uma regra. Cada um procura meios para lidar com esse cenário. Não há um jeito correto. Alguns negam a existência do vírus, outros não saem de casa há mais de um ano. Todos estão vivendo esse momento como podem, como conseguem. Em meio a tudo isso, algumas reações são comuns, como o medo de adoecer, o medo de morrer, ou ainda a evitação de lugares como serviços de saúde por receio de ser contaminado. O medo pode estar presente em várias esferas da vida, tanto relacionado à saúde quanto relacionado ao trabalho ou a família e amigos. É possível também ocorrer diminuição da concentração nas tarefas diárias, ou ainda alterações no padrão do sono. É normal sentir-se impotente, entristecido ou até mesmo ansioso nesse momento. Estamos frente a um perigo real. São emoções esperadas, e tudo bem.


     Mas então, quando devemos nos preocupar? Quando a ansiedade ou a tristeza deixam de ser normais?


     A linha que divide o saudável daquele que precisa de tratamento muitas vezes é tênue. Casos mais graves com diminuição importante da funcionalidade, dificuldade para trabalhar, estudar ou fazer atividades domésticas, tarefas que antes realizava com facilidade, são mais fáceis de identificar. Nesses casos a repercussão dos sintomas é tão intensa que é mais fácil para a família ou para o paciente perceber que ele precisa de uma avaliação psicológica e/ou psiquiátrica para avaliar a necessidade de tratamento.


     Mas além desses existem outros sinais importante que quando relacionados a um quadro de Ansiedade e/ou Tristeza podem indicar necessidade de atendimento:
          Alterações do sono, como não dormir bem, demorar para pegar no sono, acordar antes do horário, ou até dormir a noite toda, mas ainda acordar cansado;
          Alterações no apetite, tanto aumento do apetite com consequente ganho de peso como redução do apetite com perda de peso (não entram aqui as dietas para emagrecer, nesse caos a perda de peso não é programada);
          Irritabilidade frequente, falta de paciência - quando há uma mudança no padrão de comportamento, a pessoa não era assim e está assim;
          Diminuição da atenção, da concentração, fica difícil assistir aulas, finalizar tarefas;
          Sintomas físicos sem uma causa clínica, no entanto, intensos e frequentes que podem assustar o paciente e causar sofrimento. São exemplos:  dores difusas pelo corpo, urgência para ir ao banheiro (sem infecção urinária ou problemas intestinais), coração acelerado, falta de ar, tremor, suor aumentado, sensação de desmaio, sensação de que está tendo um infarto (mesmo que os exames estejam normais), sensação de sufocamento entre outros.  Entre os sintomas físicos possíveis, alguns podem parecer com uma infecção pelo Coronavírus, como a falta de ar e a sensação de sufocamento, nesses casos é importante avaliar o contexto, se há sinais de infecção, como febre, tosse e outros sintomas respiratórios. Outro fator importante para diferenciar é a duração dos sintomas, quando melhoram em algumas horas é provável que seja Ansiedade, se for constante, durar o dia inteiro é provável que seja infeção por Covid-19. Na dúvida é sempre importante procurar atendimento médico;
          Medo desproporcional a situação, o medo vai muito além do que o covid pode de fato causar, o medo incapacita e causa prejuízo na rotina do indivíduo;
          Sentimento de desesperança em relação a tudo, não apenas quando pensamos na pandemia. Por exemplo: perder a vontade de viver por não acreditar que exista saída, esse é um sinal importante de que precisa de tratamento, por estar em sofrimento intenso;
          Sentimento de culpa ou sensação de ser inútil;
          Ideação suicida ou tentativa de suicido, pensar em tirar a própria vida ou até mesmo tentar tirar é um sinal de gravidade, e nesses casos procurar ajuda psiquiátrica é uma regra. Tentativa de suicídio é uma emergência médica;
          Cansaço desproporcional as atividades, necessidade de muito esforço mental para realizar atividades que antes realizava com facilidade;
          Tristeza persistente, na maioria dos dias, na maior parte dos dias, não relacionada apenas à Pandemia, tudo parece ruim;
          Diminuição de prazer para as atividades que antes gostava de fazer, tudo perde a graça, não é algo direcionado à pandemia ou devido às restrições impostas pela Pandemia.
          Caso apresente qualquer um dos sintomas acima de forma persistente é necessário procurar ajuda profissional, a Psicóloga Mônica Zatta Tonial pode te ajudar, com atendimento presencial ou a distância.


     É possível viver esse momento de uma forma mais saudável?
          Sim! É possível e necessário! Essas são algumas dicas para que você possa contribuir para a manutenção sua saúde mental.


          Acolha os sentimentos ruins, como tristeza e ansiedade. Tente identificar pensamentos intrusivos, repetitivos e catastróficos que levam a ansiedade, aceite que eles existem, mas que não necessariamente correspondem à realidade. Não é preciso pensar positivo o tempo todo, estamos passando por um momento difícil, é normal não estar bem o tempo todo;
          Planeje uma rotina mesmo que seja dentro de sua casa, mantenha horários regulares para se levantar e se deitar, mantenha os cuidados usuais e rotina de alimentação. A idéia é manter uma rotina possível, dentro do que pode ser feito, já estamos em quarentena há mais de 1 ano, podemos usar a experiência nesse período, avaliar o que deu certo e o que não deu certo, para ajustar nossa rotina;
          Realizar atividades físicas de forma regular;
          Manter uma dieta equilibrada com frutas e verduras e ingestão de líquidos;
          Não é momento para grandes mudanças, vamos respeitar o momento e respeitar a nós mesmos. Se não estiver bem, tudo bem, siga com calma. Se estiver bem, ótimo, tente manter uma rotina saudável;
          Divida de forma clara o que é trabalho e o que é vida pessoal. No ambiente de trabalho focar apenas nas atividades relacionadas ao trabalho, caso esteja trabalhando de forma remota, faça pausas e se movimente durante o período de trabalho;
          Evite ler ou ouvir demais sobre o tema, busque se informar sobre outros assuntos e evite notícias sensacionalistas ou que tragam ansiedade;
          Proteja suas crianças sem fomentar nelas o medo e o pânico, ensinem elas a se protegerem;
          Faça atividades relaxantes como meditar, escutar música, assistir filmes e séries, ler livros;
          Aceite o momento presente, as restrições impostas por ele, as perdas. Por mais difícil que seja, não escolhemos passar por isso, mas já estamos vivendo a pandemia há mais de 1 ano;
          Busque ajuda profissional sempre que precisar. É importante lembrar que não estamos sozinhos, que existem profissionais especializados em Saúde Mental com Psicólogos e Psiquiatras para nos ajudar a passar por nesse momento.



Tags: #Psicologia #Psicológico #Pandemia  


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