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BULIMIA NERVOSA (BN) x ANOREXIA NERVOSA (AN) x TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA (TCAP).... QUAL A DIFERENÇA?

Autor: Mônica Zatta Tonial,  Postado em:  quarta, 03 de maio de 2023  
 

Existem diversos tipos de transtornos alimentares, porém os mais comuns são a Bulimia Nervosa (BN), Anorexia Nervosa (AN) e Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP).

 

A Bulimia Nervosa (BN) é um transtorno crônico, com altas taxas de recaída, e com prevalência entre 1 % a 1,5% da população. O quadro começa a ser construída a partir de um episódio de compulsão alimentar, que normalmente aparece no decorrer de uma dieta para emagrecimento. No início, esse sintoma pode ter relação aparente com a fome, mas posteriormente, quando o ciclo de compulsão alimentar já está instalado, ocorre em todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão). 

O comportamento resposta na (BN) é a angustia excessiva com a incapacidade de tolerar a frustração, de não conseguir seguir as próprias regras alimentares. Após desencadeada a crise compulsiva, os atos compensatórios “aliviam” a sensação de fracasso.

Os alimentos são bons ou ruins. Nunca haverá adequação para os ruins. Qualquer quantidade deles justifica aproveitar até o máximo que for possível suportar, já que de qualquer forma será eliminado com atos compensatórios.

Uma característica típica do quadro de (BN) é o ato ingerir uma quantidade exagerada de alimentos, muito acima do que outros indivíduos consumiriam, e de maneira muito rápida. Isso traduz a falta de controle sobre seu próprio comportamento. O sentimento de culpa surgido pela falta de controle leva a adoção de comportamentos compensatórios para tentar impedir o ganho de peso.

Portanto, é um transtorno caracterizado por compulsão alimentar repetida, seguida por comportamentos que buscam compensar os excessos cometidos, como vômitos forçados, exercícios excessivos, jejum ou uso frequente e indevidos de laxantes, diuréticos e outros medicamentos. 

 

A Anorexia Nervosa (AN) é um transtorno alimentar que afeta, com maior frequência adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. A pessoa com esse problema de saúde apresenta uma acentuada perda de peso, associada a comportamentos extremos em relação à nutrição. É comum haver também um medo exagerado de ganhar peso e uma visão distorcida do próprio corpo. Achando-se acima peso, mesmo quando estão magras. É um transtorno alimentar crônico com alto índice de recaída e sua prevalência é de 0,4% da população.

A (AN) é um transtorno alimentar que se caracteriza por alterações extremas no hábito alimentar do indivíduo, associadas a comportamentos que visam à perda de peso. O indivíduo alimenta-se mal, geralmente fazendo dietas severamente restritivas e ficando grande períodos em jejum. Pode também fazer uso de medicamentos laxativos (que estimulam a eliminação das fezes) e inibidores de apetite, bem como provocar vômitos e praticar exercícios de forma exagerada.

Na (AN), o paciente visualiza uma versão distorcida do seu corpo. Vale destacar que pessoas com (AN) recusam-se a manter o peso dentro dos limites considerados saudáveis para idade e para a altura. Nessas pessoas, não há perda de apetite, mas sim um controle totalmente voluntário a respeito da quantidade de alimento que deve ser ingerida.

Existe dois tipos de (AN):

  • Tipo restritivo: o paciente apresenta, principalmente, comportamentos exagerados com relação ao controle da alimentação e à prática de exercícios a fim de obter o emagrecimento. No que diz respeito à alimentação, o indivíduo realiza, por exemplo, dietas muito restritivas, alimenta-se poucas vezes ao dia e permanece longos períodos em jejum.
  • Tipo compulsão periódica/purgativa: o indivíduo apresenta comportamentos não apenas relacionados com a redução da alimentação e prática constante de exercícios, mas também realiza uso abusivo de laxantes e de inibidores de apetite, além de induzir vômitos.

Uma visão distorcida do corpo pode causar inúmeros problemas ao indivíduo.

As mulheres com (AN) podem apresentar ainda a amenorreia, ou seja, a ausência de menstruação (pelo menos três ciclos seguidos). Além disso a (AN) pode desencadear outras consequências graves, uma vez que o organismo passa a receber menos nutrientes para suprir suas necessidades. São exemplos: anemia, constipação, redução do nível de alguns hormônios e aumento de outros, alterações na função hepática, hipocalemia (baixa quantidade de potássio), convulsão, problemas cardíacos, complicações decorrentes da realização excessiva de exercícios, depressão, pressão baixa, entre outros. Vale destacar que a (AN), se não tratada, pode até mesmo levar à morte.

É importante destacar que tanto na (BN) quanto na (AN) o risco de suicídio está presente.

 

O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é um padrão recorrente, ou seja, acontece com frequência e está associado à perda de controle. Quando pensamos em compulsão alimentar ou comer compulsivo, estamos nos referindo à pessoa que comem grande quantidade de alimentos rapidamente, perde o controle e não consegue interromper a refeição mesmo quando se sente estufada ou plenamente saciada.

Ou seja, o (TCAP) difere de uma vontade de comer algo em específico ou perda de controle isolada. O transtorno é marcado por episódios recorrentes e intensos de descontrole associados a questões emocionais e sempre seguidos do sentimento de culpa.

Diferentemente da bulimia os episódios de compulsão alimentar não são seguidos por comportamentos compensatórios (purgação), ainda que a ingestão seja de muitos alimentos em um curto período de tempo.

A vontade de comer chega e o descontrole toma conta. Mas o que resta depois dos episódios compulsórios é o sentimento de culpa. A maioria das pessoas que sofrem do transtorno sabem que extrapolaram e sentem peso na consciência. Isso acontece ainda mais com quem passar por dietas restritivas e perdem o controle profundamente pelo desespero de ficar sem comer.

Muitas pessoas que sofrem de doenças psicológicas como depressão e ansiedade, ou que estão passando por momentos difíceis na vida, encontram na comida a válvula de escape para todas as angústias e frustrações emocionais. A fome emocional vem pra suprir a falta, seja ela de emoções positivas, de afeto ou de vontades. Quem sofre de doenças psicológicas como depressão ou ansiedade, tem uma grande propensão ao comer compulsivo.

O transtorno alimentar compulsivo é o mais frequente dos transtornos alimentares na população geral, com prevalência de 3,5% em mulheres, e 2% nos homens, trazendo grande risco à saúde física e mental. É bastante comum que existam risco de transtornos psiquiátricos em geral e risco de obesidade e sobrepeso.

 

Para finalizar, o tratamento para os transtornos alimentares necessita de um trabalho multiprofissional, que deve ser conduzido por psiquiatra, psicólogo, nutricionista e clinico. Esses profissionais devem atuar conjuntamente para melhor prognóstico do paciente.

Devido aos transtornos psiquiátricos que estão diretamente envolvidos nos transtornos alimentares, o acompanhamento terapêutico é de extrema importância. Destaco aqui, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) que nesses casos tem se mostrado com grande eficácia.

A TCC visa uma intervenção direta que ajuda o paciente a superar seu distúrbio de imagem corporal, diminuir as práticas rígidas de dieta ou atividade física, facilitar o aumento saudável do peso e modificar o sistema disfuncional de crenças associados a aparência, ao peso e a alimentação.

A TCC atua em fatores cognitivos, emocionais e comportamentais. Assim, compreende o transtorno alimentar de maneira global e oferece uma intervenção objetiva e orientada por metas.



 


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