Psicóloga Mônica Zatta Tonial - Pato Branco/PR
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A DOR DA INFERTILIDADE

Autor: Mônica Zatta Tonial,  Postado em:  segunda, 24 de janeiro de 2022  
 

Nascemos, crescemos, namoramos, nos divertimos, viagens, férias, faculdade, mercado de trabalho, casamento, filhos. Idealizamos nossas vidas, projetamos. A gente espera do mundo e o mundo espera de nós.

Dentro desses projetos muitas pessoas idealizam a construção de uma família. 1, 2, 3, 5 filhos, não importa. Sonham em ter a alegria de uma criança, preenchendo a casa.

Procurar um médico, não fazer mais uso de métodos  contraceptivos, fazer tudo o que precisa ser feito para esperar o tão sonhado bebe, mas, passa 2 meses, 3, 4, passa 1 ano e nada. A preocupação se inicia. O que há de errado? O que está acontecendo comigo? Será que sou eu ou meu parceiro, ou os dois? Perguntas e mais perguntas. Todas sem respostas até que uma bateria de exames começa a fazer parte da sua vida. Como sei de tudo isso?.... sei porque vivi isso por 13 longos anos.

Cria-se a expectativa que tudo se resolva rapidamente, que encontrem a causa para que se possa tratar. Porém quando se trata de ciclo ovulatório as coisas não são bem assim. A paciência precisa reinar, linda e majestosa esperando mensalmente para que os exames possam ser feitos pois tudo gira em torno do ÓVULO.

Foram vários os procedimentos aos quais fui submetida, histeroscopia, controle hormonal, controle ovolatório, inseminações, exame pós coital (pelo nome nem preciso dizer o quanto foi constrangedor) e o pior, histerossalpingografia... não parece um palavrão? Pois para mim foi.

Esse é um pequeno resumo da minha jornada medica, investigar a causa da minha infertilidade.

Pois bem, fui revirada de ponta cabeça e nada foi encontrado dentre as causas médicas conhecidas (trompa normais, ovulação normal, útero sem nenhuma malformação, sem indícios de endometriose, fator masculino descartado também) que pudesse justificar ou então, nada de tão grave que não pudesse ser tratado. Fiz tudo o que meu médico pediu. TUDO.

O tempo foi passando, e apesar da dor física de alguns procedimentos, minha maior dor era a emocional.

Expectativa, dor emocional, decepção. Expectativa, dor emocional, decepção. Isso se tornou um ciclo, mês após mês de tentativas frustradas da maternidade.

Como se não bastasse todo esse processo de investigação e dor, ainda existia (o que eu pensava no momento) uma cobrança de amigos, vizinhos, família. Até quem não te conhece pergunta como estão as coisas com relação a filhos. Mulheres gravidas apareciam aos milhares, o q até então nunca havia chamado a atenção. Pasmem, mas até a Xuxa e a Angélica ficaram gravidas naquela época (risos). As pessoas querem ajudar de alguma forma. Ensinam simpatias, falam que fulana tomou xarope com ovo de pata e engravidou e até hoje não entendo porque, mas acreditem... eu tomei. Cheguei a ouvir que era melhor eu desistir e aceitar a vontade de Deus... pode isso? Se Deus nos deu um cérebro pensante, inteligente, nos deu a capacidade para avançar tecnologicamente, proporcionou aos médicos o conhecimento através de pesquisas que comprovavam que SIM essa possibilidade existia, então porque raios eu desistiria?

Algumas pessoas falam pra você esquecer, relaxar, que quando conseguir tirar isso da cabeça o bebe virá. Entendo que não há maldade em dizer isso, ao contrário, acredito que é a forma que encontram para tentar ajudar. Mas pergunto, como faz isso? Existe alguma formula mágica que faça alguém esquecer algo tão importante? Algo que te consome a cada busca de um exame negativo? E foram vários.

Falar para uma pessoa depressiva que ela precisa se ajudar, não resolve nada. Concordo que ela precisa se ajudar, mas simplesmente ela não sabe como fazer. O mesmo acontece quando se fala para um casal que quer engravidar que é só esquecer que tudo dará certo, não tem como, não dá para esquecer.

Já não se faz mais amor, se faz bebe. Períodos mecanizados, cronometrados, com data e hora para iniciar o coito, então me diz, como esquecer?

Vivenciar a dor da infertilidade não é nada fácil, dói na alma.

Entender essa dor é a melhor forma de ajudar alguém que passa por essa situação. Expressar gestos e palavras que confortem, que agreguem. Indicar profissionais e deixar que escolham se vão ou não a final a escolha é do casal. Você fez a tua parte. Deixar a pessoa falar sem querer resolver as coisas ou dar opiniões que mais atrapalham do que ajudam... simplesmente escute.

Aconselho a procurar ajuda especializada. Eu procurei, achei extremamente necessário cuidar da minha saúde mental, pois tive vários momentos de desanimo e tristeza. Não desistam, procurem até o último recurso.

 Eu consegui, tenho um filho lindo de 14 anos. Sou e serei eternamente grata as pessoas que estiverem comigo nessa jornada, mas minha maior gratidão é a mim e ao meu marido que nunca, em nenhum momento perdemos a esperança.



 


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