Psicóloga Mônica Zatta Tonial - Pato Branco/PR
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Você consegue dizer “não” sem culpa?

Autor: Psicq - Saúde Mental,  Postado em:  segunda, 10 de agosto de 2020  
 

Se este tema lhe chamou a atenção, provavelmente a avaliação de terceiros a seu respeito interfere consideravelmente nas suas decisões, atormentando sua rotina com compromissos e obrigações que gostaria que desaparecessem de sua agenda.

Mas então, porque é tão difícil dizer não?

Podemos levantar algumas hipóteses que parecem embasar essa forma particular de autocensura. Entre elas, podemos citar o medo de ser considerado agressivo, de ser rejeitado, de ser mal interpretado, da avaliação negativa ou de decepcionar aqueles que amamos entre outras.

Muitas pessoas, mesmo querendo, não têm tranquilidade para dizer não, ou seja, fazem parte do grupo dos que afirmam “Dizer não? Eu, nunca!”, afirmando: “Não consigo dizer não”; “Não consegui dizer não”; “Não soube dizer não”; “Eu deveria ter dito não”. E nesse constante processo, seus medos afetam as relações pessoais e profissionais, podendo gerar uma série de problemas. Algumas pessoas chegam ao ponto de se questionar: “Será assim tão grave? Será que para resolver esse problema preciso de um tratamento com especialista e/ou medicamentoso?

A resposta para esta pergunta não é tão simples. Devemos considerar que o ato de falar “eu gosto”, “eu quero”, “eu acho”, etc, ou “não gosto”, “não quero”, “não concordo”, vai além da expressão. É comunicar a maneira que eu aprendi a interpretar as relações no decorrer da vida. Nossa história de vida define nosso lugar e visão do mundo, para que nós saibamos falar das coisas que gostamos ou não é preciso ter tido aprendizagem com outros seres humanos, que além de nos ouvirem, nos aprovaram ou simplesmente nos satisfizeram nossas necessidades básicas. Se a nossa percepção de mundo nos sugere que o que pensamos ou sentimos é sempre ignorado ou punido pelas pessoas que nos cercam a sensação é ruim e começamos a acreditar por um processo chamado generalização que há poucas chances de nosso espaço se firmar no mundo dos relacionamentos e podemos começar a duvidar de nossas opiniões e até mesmo de nossos sentimentos. É que nós, como seres humanos, somos muito sensíveis aos contatos sociais e a falta persistente de aprovação dos outros podem comprometer nossa autoestima.

É certo que nos sentimos melhor quando ajudamos os outros e que em qualquer relacionamento é necessário haver um ponto de equilíbrio, mas quando isso se torna um método sistemático que impede qualquer expressão, opinião e sentimentos pessoais o equilíbrio individual é afetado e a autoestima é amplamente corroída. Quando nos apagamos continuamente diante dos outros – mesmo se, às vezes, é indispensável -  perdemos o senso de nossos próprios desejos e chegamos ao ponto de não sabermos mais quem somos verdadeiramente.

Um não recalcado irá permanecer em sua memória, solicitá-lo e perturbá-lo por um período mais longo do que seria necessário e o preço pago por conta desse funcionamento pode ir da ansiedade até o comprometimento pessoal e profissional do indivíduo. Nesses casos, a terapia é altamente indicada, pois busca através da reestruturação cognitiva construir novas possibilidades de interpretação que vão favorecer outros sentimentos e comportamentos.

Quando você aprende a dizer não reassumirá o controle de sua vida. Em vez de ser o último na sua própria lista de prioridades, você despontará como o comandante do seu próprio barco, capaz de tomar decisões baseadas em paixão, sabedoria e confiança e não em culpa, medo ou por sentir-se manipulado.



Tags: psicologia saúdemental  


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